A camisa 10 não é só um número estampado nas costas de um jogador — ela carrega uma herança de genialidade que atravessa décadas e continentes.
Quando um time anuncia seu camisa 10, espera-se mais do que técnica ou disciplina tática. Espera-se espetáculo. Espera-se alguém capaz de virar o jogo com uma jogada só.
Mas como esse número se transformou em sinônimo de craque? Nem sempre foi assim. A história é mais antiga do que parece — e passa por coincidências, regulamentos da FIFA, lendas do futebol e um certo garoto brasileiro chamado Pelé.
Numeração no futebol: origem e função
Antes de a camisa 10 ser um símbolo, ela era apenas parte de uma organização prática. No início do século XX, os times não tinham nomes nas costas, muito menos liberdade para escolher numeração.
Os jogadores recebiam números de acordo com sua posição em campo. Em sistemas mais antigos, como o 2–3–5, a camisa 10 era dada ao meia-atacante central — uma função estratégica e ofensiva.
A numeração começou a se consolidar nas décadas de 1920 e 1930, com a profissionalização das ligas na Inglaterra e em outros países. Em 1950, a FIFA finalmente padronizou o uso dos números de 1 a 11 para os titulares em torneios internacionais. Era apenas funcional. Só que, com o tempo, alguns números passaram a carregar significados. E o 10 logo se destacou.
O acaso que mudou tudo: Pelé e a Copa de 1958
A primeira Copa do Mundo com numeração oficializada foi a de 1954. Mas foi em 1958 que o número 10 começou a ganhar aura mítica — e por um acaso.
Segundo relatos históricos, a CBD (atual CBF) enviou os nomes dos jogadores convocados para a Copa da Suécia, mas esqueceu de indicar quais números cada um usaria. Coube à FIFA distribuir os números aleatoriamente. Pelé, com apenas 17 anos, ficou com a 10.
O resto é história. O menino marcou gols decisivos, deu chapéu, assistência, arrancadas. Terminou a Copa como campeão mundial e, sem querer, inaugurou a mística da camisa 10.
O impacto visual e simbólico foi imediato. A camisa 10 virou a identidade de Pelé. E, ao longo dos anos, passou a ser o número mais cobiçado pelos criativos do meio-campo e ataque.
Camisa 10: o cérebro do time
Durante muito tempo, o futebol foi jogado com sistemas táticos que privilegiavam a criação centralizada. O “10” era aquele jogador que ficava atrás dos atacantes e à frente dos volantes, organizando o jogo, pensando à frente dos outros. Era o cérebro da equipe, o maestro. Um jogador técnico, visionário, capaz de mudar o ritmo da partida com um passe, um drible ou uma leitura inteligente.
Essa função ganhou nomes diferentes ao redor do mundo: meia-armador, trequartista, enganche, número 10. Mas a ideia era sempre a mesma — aquele jogador que transformava a lógica do jogo em arte.
Craques que eternizaram o número 10
Diego Maradona
Depois de Pelé, foi Diego Maradona quem mais consolidou a mística do número 10. Com sua canhota genial, liderou a Argentina na conquista da Copa de 1986. Seu gol contra a Inglaterra, driblando meio time, é um dos momentos mais icônicos da história do futebol — com a camisa 10 nas costas.
Zico
No Brasil, Zico elevou o status do 10 ao nível de maestro absoluto. Comandava o Flamengo e a Seleção nos anos 70 e 80, com técnica refinada, inteligência tática e uma capacidade absurda de finalização. Inspirou uma geração inteira.
Michel Platini
Na França, Platini foi o camisa 10 que combinava elegância com eficiência. Ganhou três Bolas de Ouro consecutivas (1983–1985) e foi campeão da Euro de 1984, liderando um time francês que girava em torno de seu talento.
Roberto Baggio, Totti, Zidane
A Itália e a França também tiveram seus 10 clássicos. Baggio, com seu drible curto e passes milimétricos; Totti, símbolo da Roma; e Zidane, com sua calma quase desconcertante e domínio completo do meio-campo. Todos usaram a 10 com personalidade.
Lionel Messi
Com Messi, a camisa 10 encontrou um novo nível de constância. Desde a juventude, tanto no Barcelona quanto na Seleção Argentina, ele manteve viva a tradição dos gênios. A 10 virou sinônimo de Messi — e vice-versa. Sua visão de jogo, dribles curtos e capacidade de decidir refletem tudo o que se espera da função.
E no Brasil? Camisa 10 é quase religião
O Brasil tem uma relação especial com a camisa 10. Depois de Pelé e Zico, outros jogadores também marcaram época com o número: Rivellino, Dirceu Lopes, Rai, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Neymar. Mesmo com características diferentes, todos carregaram a responsabilidade de criar, decidir e brilhar.
Aqui, ser o 10 não é apenas uma posição. É um peso simbólico. É ser comparado com lendas. É ser cobrado para dar espetáculo. Por isso, muitos torcedores se perguntam: quem será o próximo grande 10 da Seleção?
Quando a camisa 10 se transformou em marca
Com a globalização do futebol, a camisa 10 virou mais do que uma função tática. Virou uma marca. Clubes, patrocinadores e jogadores passaram a associar o número à imagem de craque. Camisas com o número 10 vendem mais. Em muitos times, é o número reservado a quem chega com status de estrela.
Lionel Messi, por exemplo, usou a 10 por anos no Barcelona e na Argentina. Ronaldinho, além de vestir a 10 no Brasil e no Milan, também usou como parte da sua assinatura comercial. Neymar, no PSG e na Seleção, seguiu esse caminho.
O 10 moderno: mudou ou continua o mesmo?
Nos últimos anos, o papel do camisa 10 se transformou. O futebol ficou mais intenso, mais físico, mais coletivo. Muitos times passaram a jogar sem um armador clássico. O “10” tradicional, aquele que andava em campo, pensava o jogo e fazia a bola correr, passou a ser raro.
Mas isso não significa que o número perdeu seu valor. Ele ainda representa genialidade. Só que agora, o 10 pode jogar mais aberto, como ponta. Ou mais recuado, como meia central. Ou até como falso 9. O que não muda é a expectativa: quem veste a 10 ainda precisa ser diferente.
Camisas 10 que surpreenderam
Às vezes, a camisa 10 aparece em jogadores que fogem do perfil clássico. E é aí que ela também mostra sua flexibilidade. Na Copa do Mundo de 2002, Rivaldo foi o 10 do Brasil, mas dividia funções com Ronaldinho (camisa 11) e Ronaldo (camisa 9). Na Copa de 2010, Sneijder vestiu a 10 da Holanda, jogando mais como meia-atacante finalizador.
Até defensores e volantes já usaram o número 10 em clubes menores ou seleções com características diferentes. Mas, em geral, o padrão permanece: o 10 é o craque.
O peso da 10 nas categorias de base
Nas divisões de base, a camisa 10 continua sendo uma referência. Os meninos que a vestem sabem que estão sendo observados com mais atenção. O número carrega expectativa. Muitas vezes, o garoto mais habilidoso do time acaba recebendo a 10 — não só por seu talento, mas pelo que o número representa.
Essa simbologia funciona como motivação e também como responsabilidade. Por isso, é comum que jogadores cresçam sonhando com esse número. Não por vaidade. Mas porque querem ser vistos como diferentes. Como gênios.
A camisa 10 nas mulheres: símbolo que também inspira
No futebol feminino, a camisa 10 também tem grande importância. Marta, a maior jogadora da história do Brasil, sempre usou o número com orgulho. Com ela, a 10 ganhou força simbólica ainda maior: passou a representar resistência, talento e protagonismo em um esporte que, por décadas, ignorou as mulheres.
Outras craques como Formiga, Alex Morgan e Dzsenifer Marozsán também mostraram que a mística do número vai além do gênero. Ela é universal.
Camisa 10: a lenda continua viva!
A camisa 10 é mais do que história. É memória afetiva, é identidade, é responsabilidade. Mesmo com a evolução do jogo, a modernização dos sistemas táticos e a multiplicidade de estilos, ela continua sendo um selo invisível de genialidade.
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