O que é superendividamento? Entenda o conceito e se tem a ver com a sua situação

Comprar no crédito, fazer um empréstimo aqui, outro ali... e, quando vê, o salário já não cobre as contas. O superendividamento virou realidade para milhões de brasileiros e pode afetar não só o bolso, mas também a saúde mental. A boa notícia é que há caminhos para renegociar as dívidas e retomar o controle da vida financeira.
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O que é superendividamento? Imagine que seu salário é um cobertor. Aí você tenta cobrir todas as contas do mês — aluguel, cartão, prestação do celular, crédito consignado, mercado… Só que, no meio da madrugada, o pé fica de fora. E quando você puxa o cobertor pra cobrir os pés, a cabeça congela. 

É mais ou menos assim que vive uma pessoa superendividada: o dinheiro acaba antes das contas. E isso vai muito além de um simples “gastei demais no cartão este mês”.

Mas calma, esse texto não é só pra te deixar preocupado. A ideia aqui é mostrar, de forma leve e descomplicada, o que é esse tal de superendividamento, como ele se instala na vida da gente sem fazer barulho, quais são os sinais de alerta e — o mais importante — o que fazer pra sair dessa. 

E ó, tem exemplo realista, sim! Porque teoria todo mundo lê, mas é na prática que o calo aperta no fim do mês!

A diferença entre dívida e superendividamento (sim, tem diferença!)

Todo mundo já teve alguma dívida na vida, né? Uma parcelinha aqui, uma comprinha ali, um cartão estourado depois de uma viagem. Isso é normal — e até saudável, se for controlado. 

A dívida, em si, não é uma vilã. O problema começa quando essa dívida cresce como fermento e ultrapassa a capacidade de pagamento da pessoa de forma contínua. Ou seja: não importa quanto você tente, nem com mágica, o salário dá conta de pagar tudo.

Superendividamento é quando você não consegue mais pagar suas dívidas e ainda garantir o básico: comida, luz, água, aluguel. É tipo estar em um barco furado tentando tirar água com uma xícara. Você até tenta, mas a água entra mais rápido do que sai.

Como o superendividamento começa? (Spoiler: não é só “falta de controle”)

Muita gente acha que o superendividamento acontece porque a pessoa é desorganizada ou gasta demais. Mas nem sempre é assim. Às vezes, ele chega devagar, por situações que fogem totalmente do nosso controle, como por exemplo:

Desemprego repentino: a pessoa tinha um salário fixo, financiou um carro e estava pagando tudo direitinho. Aí perdeu o emprego. Pronto: a bola de neve começa a rolar.

Problemas de saúde na família: uma internação, exames caros ou medicamentos que não têm no SUS. Você acaba usando o limite do cartão, depois o cheque especial, depois um empréstimo… e aí já viu.

Uso excessivo do crédito fácil: sabe aquele “empréstimo pré-aprovado” piscando no app do banco? Ele é tentador, mas pode virar armadilha. O mesmo vale pra cartão de loja, carnês, financiamento com juros altíssimos e por aí vai.

Sinais de que o superendividamento bateu na sua porta

Nem sempre a gente percebe que está entrando no buraco. Às vezes, a queda é lenta e silenciosa. Mas alguns sinais dão aquele alerta vermelho, tipo luz piscando no painel do carro. Se você se identificou com três ou mais desses sinais, vale parar e repensar as finanças:

  • Só paga o mínimo do cartão de crédito;
  • Usa empréstimos para pagar outros empréstimos;
  • Tem mais de 30% da renda comprometida com dívidas fixas;
  • Já está com contas básicas atrasadas, como água ou luz;
  • Sente ansiedade ou insônia só de pensar nas dívidas;
  • Esconde boletos ou evita abrir o app do banco (quem nunca?).

Um exemplo prático: o caso da Ana

Ana é professora, tem dois filhos e mora de aluguel. Em 2020, na pandemia, perdeu aulas extras que eram uma parte importante da renda. Pra manter as contas em dia, começou a usar o cartão. Depois, pegou um empréstimo pra quitar o cartão. 

E mais um pra cobrir o outro. Resultado: em 2023, mais da metade do salário ia só pra pagar dívidas, e ainda faltava dinheiro pra comprar comida e pagar o aluguel.

Ana só saiu dessa quando buscou ajuda no Procon, renegociou tudo numa parcela única com desconto e cortou o uso de crédito. Não foi fácil, mas hoje ela respira. E sabe o que é melhor? Ela aprendeu a dizer “não” pro crédito fácil, mesmo quando o banco oferece com um sorriso.

O que a lei diz sobre superendividamento?

Desde 2021, o Brasil tem uma lei que trata diretamente do superendividamento (Lei nº 14.181/21). Ela protege o consumidor e cria mecanismos para que as pessoas renegociem suas dívidas de forma justa. Um dos pontos mais interessantes é que, agora, o consumidor pode pedir uma “renegociação global” das dívidas. 

Traduzindo: em vez de negociar com cada banco ou empresa individualmente, dá pra juntar tudo num só processo, com prazos realistas e parcelas que caibam no bolso.

E tem mais: a lei proíbe que instituições financeiras ofereçam crédito de forma abusiva, especialmente pra aposentados, pessoas com deficiência ou baixa renda. Aqueles anúncios do tipo “empréstimo fácil, sem consulta ao SPC” agora são mais fiscalizados. Ufa!

Como sair do superendividamento? (Sim, tem saída!)

Se você leu até aqui e já sentiu aquele friozinho na barriga pensando nas suas próprias contas, respira. Superendividamento tem saída, sim! Mas exige esforço, disciplina e — muitas vezes — ajuda profissional. Aqui vão alguns passos que funcionam:

  1. Mapeie todas as dívidas: pegue papel e caneta (ou uma planilha, se for mais do seu estilo) e liste TUDO. Nome da dívida, valor, juros, parcelas, vencimento.
  2. Separe o essencial do negociável: luz, água, aluguel e comida são prioridade. Depois, veja quais dívidas podem ser renegociadas ou até suspensas temporariamente.
  3. Busque ajuda nos órgãos de defesa do consumidor: o Procon e os núcleos de conciliação dos Tribunais de Justiça oferecem mediações para casos de superendividamento. E o melhor: são serviços gratuitos.
  4. Fuja de soluções milagrosas: se te oferecerem um empréstimo para “quitar tudo e ainda sobrar um troco”, corra. Muitas vezes, esse tipo de proposta só piora o problema.
  5. Mude a relação com o dinheiro: repense o consumo, corte gastos supérfluos, aprenda a dizer “não” e tenha um plano de emergência (mesmo que ele comece com R$ 20 por mês).

Crédito consciente: dá pra usar o cartão sem virar refém?

Dá, sim! O problema não está no cartão, no crediário ou no financiamento. O problema é quando a gente usa esses recursos sem planejamento, como se fossem extensão do salário.

Quer um exemplo? Imagine que você quer comprar uma TV de R$ 3.000. Parcelada em 10x, parece fácil. Mas se você já tem outras 3 parcelas rolando (da geladeira, do celular e do sofá), esse valor extra pode virar uma dor de cabeça. O crédito é útil quando bem utilizado — e perigoso quando mal administrado.

Dica de ouro: só use o cartão se já tiver o valor total da compra na conta. Assim, você ganha prazo, pontos e vantagens, mas não entra no ciclo da dívida.

Um alerta especial: aposentados e pensionistas

Infelizmente, aposentados são as maiores vítimas de superendividamento no Brasil. Isso porque o crédito consignado é liberado com facilidade, os juros são “aparentemente” baixos, e o desconto é automático na folha de pagamento.

O resultado? Muitos idosos recebem o benefício já “comido” pelas parcelas, e nem percebem quanto pagaram de juros. Se você tem alguém idoso na família, vale a pena ajudar a entender os contratos, conferir extratos e orientar sobre os riscos.

Superendividamento não é fracasso, é uma armadilha comum

A gente vive num país onde o custo de vida sobe mais rápido que o salário, onde o crédito é oferecido com mais facilidade que educação financeira. Então, antes de julgar alguém superendividado (ou a si mesmo), vale lembrar: isso não é falta de caráter, é uma realidade social.

O importante é buscar conhecimento, pedir ajuda e tomar decisões com mais consciência. Mudar a relação com o dinheiro leva tempo, mas é possível. E tudo começa com informação — como esse texto que você leu até aqui.

Conclusão: e agora?

Agora que você entendeu o que é superendividamento, que tal dar o primeiro passo? Olhe para suas finanças com sinceridade, converse com a família, busque ajuda se necessário e comece devagar. Não importa o tamanho do buraco: todo plano de saída começa com o primeiro passo.

E lembre-se: dinheiro serve pra facilitar a vida, não pra tirar o sono!

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por Bárbara Pontelli | 30/07/2025 | Bancos

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