Guia de estatísticas no futebol (xG, posse e PPDA) — e como interpretá-las

Estatísticas de futebol não são 'frescura'. São atalhos para entender quem cria melhor, quem pressiona de verdade e quem só gira a bola. Neste guia prático, você aprende xG, posse e PPDA com exemplos claros e usa tudo ao vivo para ler qualquer partida com mais assertividade!
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Estatísticas de futebol não substituem a emoção do estádio, mas ajudam você a ler o que o placar esconde. Com números simples, dá para enxergar quem cria melhor, quem pressiona de verdade e quem só gira a bola sem ferir.

Aqui, vamos decifrar xG, posse e PPDA com exemplos claros. Também separamos outras métricas importantes que vale a pena conhecer. A ideia é explicar o que cada indicador mostra, o que não mostra e como usar tudo isso ao vivo, no intervalo ou no pós-jogo.

Por que olhar para os números?

Estatística organiza o jogo em sinais. O placar entrega o resultado. Os indicadores mostram o processo. Quando você compara chances geradas, zonas de pressão e volume na área, a leitura muda. Fica mais fácil separar domínio real de ilusão de controle.

E você entende tendências: quem deve melhorar nas próximas rodadas e quem está vencendo mais pela eficiência do dia do que por desempenho sustentável. Esse é o valor de analisar com método.

xG (Expected Goals): medir a qualidade das chances

O xG estima a probabilidade de um chute virar gol com base em milhões de finalizações semelhantes no passado. A escala vai de 0 a 1.

Um chute de xG 0,70 costuma ser convertido 7 em 10 vezes em contextos parecidos. O cálculo considera distância, ângulo, tipo de assistência, parte do corpo e pressão no momento do arremate.

Como interpretar

  • xG do time: é a soma das probabilidades de cada finalização;
  • Poucos chutes, muito xG: chances claras;
  • Muitos chutes, pouco xG: o time arremata de posições ruins;
  • xG por tempo: se cresce no segundo tempo, houve ajuste que criou chances melhores.

Exemplo: seu time perde por 1–0, mas tem 1,6 xG contra 0,7 do rival. O desempenho aponta para um jogo controlado e pouca eficiência nas finalizações. Em uma série longa de partidas com esse padrão, a tendência é a pontuação melhorar. (É por isso que análises com xG explicam “overperformance” ou “underperformance” ao longo do campeonato.)

Limitações: xG não mede a qualidade do finalizador de forma direta, nem capta bem detalhes como gramado molhado, lesão no lance ou distrações momentâneas. Pênaltis e bolas paradas podem inflar o valor em jogos específicos. Por isso, combine xG com outras leituras.

Posse de bola: ter a bola é controlar… o quê?

A posse mede quanto tempo cada equipe controla a bola. A definição prática considera o início da posse quando um jogador dá um toque controlado, e o fim quando perde o controle por passe errado, falta, finalização, lateral e assim por diante. Varia um pouco por provedor, mas a lógica é essa.

Como interpretar

  • Posse alta não basta. É essencial saber onde ela acontece. Posse no último terço indica presença ofensiva. Posse longa no campo de defesa pode ser estéril;
  • Combine com progresso. Olhe se a posse vem com entradas no terço final, toques na área e xG. Posse + baixo xG costuma sinalizar circulação sem ferir;
  • Estilos diferentes. Há times que preferem transição curta e direta. Ficam com menos posse, mas criam chances melhores por minuto de ataque.

Limitações: posse não captura bem o valor de transições rápidas. E pode gerar leituras enganosas quando o adversário aceita ficar sem a bola para explorar o espaço nas costas.

PPDA: a régua da pressão sem bola

PPDA significa Passes Permitidos por Ação Defensiva. Ele divide os passes do adversário em zonas mais adiantadas do campo pelas suas ações defensivas nessas zonas (desarmes, interceptações, disputas, faltas).

Quanto menor o PPDA, maior a intensidade da pressão. É um jeito prático de quantificar a agressividade do seu time para recuperar a bola.

Como interpretar

  • PPDA baixo (ex.: 6–8): o time “morde” alto. Dificulta a saída rival;
  • PPDA alto (ex.: 14–18): bloco mais baixo, menos pressão na bola;
  • Tendência por jogo. Se o PPDA cai no segundo tempo, pode ter havido ajuste para pressionar mais. Se sobe, o time recuou para proteger a área;
  • Contexto da liga. Há temporadas com queda geral na intensidade de pressão, o que muda a régua de comparação.

Limitações: PPDA depende do que o rival faz. Se ele alça bolas longas, o número pode enganar. Use junto com recuperações no terço ofensivo e finalizações logo após o roubo para confirmar a pressão efetiva.

Outras métricas que vale a pena conhecer

  • xA (Expected Assists): mede a probabilidade de um passe virar assistência com base em fatores do passe e do contexto do chute. Ótima para mapear criadores, mesmo quando os atacantes não convertem;
  • xGOT (Expected Goals on Target): ajusta o xG pela localização final da bola na meta. Chutes no ângulo recebem mais crédito que finalizações no meio do gol, mesmo com xG semelhante. Bom para avaliar qualidade da finalização e atuação de goleiros;
  • Toques na área e entradas no terço final: mostram presença perigosa e território ganho. Definem se a equipe está ocupando a zona que dói.
  • Finalizações no alvo: refinam o “chutou muito” para “chutou bem”;
  • Bolas paradas e xG de escanteios/faltas: revelam uma fonte silenciosa de gols. Alguns times tiram vantagem desproporcional desse fundamento.

Como analisar um jogo em 10 minutos

  1. Placar x processo: compare o placar com o xG das equipes. Entenda se o resultado reflete as chances criadas;
  2. Onde a posse pesa. Verifique a posse com entradas no terço final e toques na área. Posse alta sem presença na área tende a pouco perigo;
  3. Pressão: olhe o PPDA e ceque recuperações altas e finalizações nascidas de roubos. Isso valida a leitura do número;
  4. Criação: veja xA dos meias e alas. Quem mais prepara chutes de boa qualidade?;
  5. Eficiência: finalizações no alvo e xGOT ajudam a explicar goleiros em grande noite ou finalizações de alto nível;
  6. Bolas paradas: avalie o xG de escanteios e faltas. Há variação de jogadas?;
  7. Tendência: quem melhorou do 1º para o 2º tempo? xG por tempo e PPDA por tempo contam essa história;

Exemplos práticos que você pode ver em qualquer rodada

Exemplo A — posse que não fere

Time A fecha com 64% de posse. Entra pouco no terço final e soma 0,6 xG em 14 chutes de média distância. O rival, com 36% de posse, chega 7 vezes, acerta 4 no alvo e soma 1,5 xG em transições. Quem mereceu mais? Os números explicam a derrota do “posseiro”.

Exemplo B — pressão que vira chance

Time B sai do intervalo com PPDA de 9 para 7. Recupera a bola 6 vezes no campo rival e finaliza 3 dessas jogadas. O gol sai após roubo no corredor direito. A queda do PPDA combinada com recuperações altas valida a leitura do ajuste.

Exemplo C — xG alto, gol que não vem

Time C termina com 2,1 xG e 8 finalizações no alvo. O goleiro adversário faz noite de xGOT alto contra. O resultado fica no 0–0. Aqui, a análise indica desempenho bom e eficiência do goleiro, não problema estrutural do ataque.

Mitos comuns (e como escapar deles)

  • “Posse alta = dominou.” Só se houver xG, toques na área e entradas no terço final. Caso contrário, é posse estéril;
  • “Chutei 20 vezes, mereci vencer.” Se o xG médio por chute é baixo, a equipe escolheu mal os arremates. Quantidade sem qualidade engana;
  • “Pressionei porque meu time correu muito.” Pressão se confirma com PPDA e roubos altos, não com quilometragem.

Quando você junta xG para medir qualidade, posse para entender território e PPDA para quantificar pressão, o jogo ganha profundidade. As decisões ficam mais claras. Você passa a diferenciar volume de perigo, controle de giro e controle de área.

E tudo isso é especialmente interessante para quem quer começar a apostar em futebol ou apenas entender, e quem sabe até prever, a dinâmica do jogo. Não é sobre “virar analista”. É sobre ver melhor o que já está na sua frente.

Na próxima rodada, use o roteiro deste guia. Cronometre 10 minutos no intervalo. Compare números e impressões. A sua leitura vai ficar mais afiada, jogo após jogo!

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Escrito por
Analista de Conteúdo Pleno
Bárbara Pontelli Monteiro possui mais de 5 anos de experiência com redação SEO e escrita criativa. Tem licenciatura em Letras, bacharelado e licenciatura em História e MBA em Marketing Digital. Escreve também para a Editora Globo e tem passagens por grandes agências do mercado.
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